quinta-feira, 17 de abril de 2008

ISTOÉ 2002 - Milionário e ameaça de morte

ISTOÉ – Na declaração de renda, Garotinho não é dono de coisa alguma...

Guilherme – Uma pessoa que faz negócio de seringas, termômetros, importação tão grande, é um milionário. Quando ele me pediu para comprar a TV Norte, era um negócio de US$ 6 milhões. Tenho certeza de que era para ele.

ISTOÉ – Que tipo de pressão foi feita por Garotinho contra o sr.?

Guilherme – Eu fui preso no ano passado por conta de uma operação do Ibama em minha fazenda, em Campos. Fiquei um dia na Polícia Federal. Máquinas foram apreendidas e funcionários presos com a ajuda da PM. A alegação da dra. Rosa Maria Castelo Branco, chefe do Ibama na região, era de que eu estaria tirando água ilegalmente de uma lagoa. Isso é uma mentira. Tratava-se de um grande açude que eu mesmo havia construído.

ISTOÉ – Qual é o seu objetivo?

Freire – Tomei uma atitude de homem e vim aqui com coragem bastante para mostrar quem é Garotinho. Pretendo acioná-lo e preciso de um advogado que me ajude a enfrentar o poderoso empresário que ele é. Quero que Garotinho repare todos os danos que me causou e me faça um pedido de desculpas em público. Em entrevistas, ele me chamou de bandido. Eu tenho família e quem eu vejo como bandido é ele. Garotinho pôs a Receita em cima de mim para fazer uma devassa, dizendo que ia me liquidar.

ISTOÉ – Por que o sr. saiu de Campos?

Guilherme – Fui alvo de um plano que visava me matar em 1997. Contratei uma equipe de investigação que levantou tudo. Eu provo que Garotinho tentou me matar. Levei essas provas ao Ministério Público e ele foi intimado. A pessoa que deu o depoimento no MP, Josenilton Ramos, contou todo o plano ao promotor Marcelo Lessa. Mas houve um acordo entre advogados para Garotinho não depor. Meu advogado fez o acordo sem minha autorização.

ISTOÉ – Quem iria matá-lo?

Freire – O homem que Garotinho contratou para me matar era um ex-PM expulso da corporação por assassinato e roubo, entre outros delitos. Chama-se Luiz Carlos Melchíades. A expulsão foi feita pelo comandante da PM em Campos, que depois seria secretário de Segurança de Garotinho, Josias Quintal. Curiosamente, Melchíades foi reintegrado pelo próprio Quintal. Esse plano chegou a mim através de Josenilton Ramos, dono de um jornal em Campos, que participou de tudo. Ele disse ao MP de Campos como, que dia, a que horas, em que local eu seria assassinado e quanto Melchíades recebeu para me matar num posto de gasolina, quando eu parasse para abastecer. Foi em agosto de 1997. Descobrimos antes e levei o caso ao MP. No depoimento, Josenilton diz que Garotinho ligava para os lugares onde ele estava, perguntando por que o serviço estava demorando a ser feito.

Nenhum comentário: